A idéia era só dar o toque aqui na própria segunda, dia do lançamento, mas como eu me dei conta do feriado, vai aqui o adiantamento.
      Seis anos depois de entrar no ar com a execução de Cowboy, a last.fm corre atrás do myspace e te deixa ouvir o disco todinho do Portishead antes do lançamento oficial. Que caso interessar possa, é só na outra segunda, quando todos já tiverem ouvido, lido críticas e passado adiante o frio que vem metralhado de Bristol.
      O link pra ouvir é esse aqui, mas só a partir de segunda. E, sinto dizer, só nos países onde o tal “serviço sob demanda” está disponível. Você, leitor que mora no Brasil, infelizmente não está contemplado.
      Agora me diz, com o álbum já vazado e tudo, qual a importância dessa notícia? Quem queria ouvir o disco, não já ouviu? Quem não tem pressa, não pode esperar mais uma semana?
      Tudo bem, o site de música gratuita que mais cresce no mundo conseguiu negociar um lançamento sob a marca last.fm, o que legitima não só a ferramenta que já andou brigando com a velha indústria por causa do pagamento de direitos de veiculação, como legitima a música digital de graça para uma gravadora (no caso, a Island/Universal). Mesmo que sob determinadas regras. Um álbum tocado na last.fm, pra qualquer um que sabe mexer um pouco com internet, é um álbum livre pra baixar. Ainda assim, acho que tudo é mais simbólico do que qualquer outra coisa.
      O que me faz pensar em outro caso recente, o vazamento do terceiro disco do Tim Maia Racional. As músicas foram aparecendo aos poucos, assim como os pedaços de história. Fato é que o produtor Kassin teve acesso às gravações originais e tentou vender o projeto de lançar aquilo pela primeira vez a algumas empresas, mas até então não se tinha notícia de qualquer resultado. Depois do vazamento, Kassin lamentou que agora a situação ficava mais complicada. E um monte de gente se frustrou de não ver mais o disco lançado.
      Agora, cá entre nós, o relançamento do Tim Maia Racional 1 pela Trama não foi um estouro de vendas. Todo mundo já tinha aquele disco, seja em cd pirata ou em mp3. Aliás, todo mundo tinha o Tim Racional 1 junto com o 2: tem gente que nem sabe que música é de qual. E agora, sem entrar no importante mérito da qualidade sonora do que vazou, qual o motivo para alguém ficar chateado de não sair em disco? Não estou me referindo aos diretamente envolvidos, claro.
      A conclusão é uma só. Apesar de uma nova geração não conhecer outra alternativa a não ser baixar música pela internet, essa atividade ainda é tratada como clandestina. O impacto dela é mais conhecido e debatido do que sua prática. Mas que tá todo mundo baixando, tá. (Alguns até pagam pra isso.) O que faz pensar como é estranha essa internet…